quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Máquina bizarra sem asas

O cérebro humano é uma máquina que se relaciona com o meio e interpreta-o. Dependendo do cérebro, do meio ou do humano esse processo pode ser bizarro. Mas, na verdade, não é bem disso que eu queria falar. Eu queria contar uma história. Uma história que fizesse o cérebro de Cecília funcionar como uma máquina que se relaciona com o meio e interpreta-o de forma bizarra. A história é a história de Geni! Mas, na verdade, não era bem essa a história que eu queria contar. Então, vou falar de Ícaro:



O corpo doía. A cabeça pesava. Os olhos estavam fundos, como quem parece não saber o que é sonhar há algumas noites. A boca abria em intervalos de tempo determinados por um modelo de progressão aritmética de razão -0,7 (segundos). Até que abriu e não fechou mais.

Ícaro já não se importava mais com nada. Nem com a carta de demissão que acabara de assinar, nem com o amigo que já não se importava mais com nada há algum tempo, nem com a barba que não parava de crescer, nem com a menina sagaz que desapaixonara-se, nem com a boca que não fechava mais, nem com as paredes do estômago que se destruíam um pouco mais cada vez que pensava nisso tudo sem se importar com absolutamente nada. Nada mais fazia sentido sem as asas que o fizeram viver uma comédia divina.

Ícaro pensou que podia. Mas não...

Pensou que podia brilhar. Pensou que podia se vender facilmente, sem dor. Pensou que podia comer pastéis de feira diariamente. Pensou que podia abraçar o mundo. Pensou que podia calcular em poucos segundos aquela progressão aritmética que resultava, agora, em uma tremenda dor no maxilar. Mas não!

Ele correu até a janela, olhou bem para as nuvens, olhou bem para o sol, e quis gritar. Mas pensou: "em boca fechada não entra mosquito"! E calou-se... Em vão!



A história de Ícaro acaba assim. Meio que sem acabar. É que, na verdade, não era bem isso que eu queria dizer à Cecília com o intuito de fazer o cérebro dela relacionar-se com o meio e interpretá-lo, como uma máquina bizarra. O que, de fato, eu queria gritar à Cecília – sem asas e com a boca bem aberta, como Ícaro - era:

- Kriola! Eu quero é mocotó!

5 comentários:

Unknown disse...

AEE, O melhor post!

Professor Nicolau disse...

Isso sim é dar ASAS á imaginação.... Nada melhor que voar para fazer o cérebro funcionar....Mas cuidado para não ir muito alto....bjs. Você saiu com raiva no domingo..

Maíra Colombrini disse...

Genial!

Tava com saudade de te ler.

Bjs!

Anônimo disse...

Branca eu quero é férias! Com açúcar e afeto, Lana e alegria, Cecília e poesia, Ícaro e sol, Geni e muitos amores.

Anônimo disse...

Sonho de Ícaro
Byafra

Composição: Pisca / Claudio Rabello

"Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão...

No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol...

Rock do bom
Ou quem sabe jazz
Som sobre som
Bem mais, bem mais...

O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for...

Do alto coração
Mais alto coração..."


Voe, pois a imaginação trás bons frutos quando bem aproveitada. E voe sempre, se possível, voe até aqui, pois o que quero é vc sempre junto de nós!
Saudade imensa...
Amo vc "Kriola"!!!